quinta-feira, 28 de novembro de 2013

MAS PORQUÊ...

As horas correm tanto
os dias então que dizer,
parece que voam
aparecem e desaparecem
sempre passa tudo mas tudo
tão rápido mas tão rápido
e não percebo sim não percebo
passa tudo e tudo passa
e esta ansiedade que me assola
porquê, porque me devasta

O relógio colado à parede
os olhos colados à parede
eu colado ao relógio
relógio quebrado no chão
as horas que não param
tu que não chegas
o beijo sozinho comigo
o tic tac quebrado que não pára
o livro ali mesmo à mão
mas a vontade o querer estar
apenas contigo que não passa
mas porquê se tudo mas tudo
passa ...


José Apolónia 28/11/13

terça-feira, 19 de novembro de 2013

MEU MAR ...

MEU MAR...


De cada vez que abro o livro
aquele livro castanho escuro
com as folhas amarelecidas
por camadas de pó, do tempo
e procuro por entre as folhas
sinónimos da luz, que irradias
da força, que em ti transportas
da raiva, com que te despenhas
da delicadeza, com que te elevas
do doce perfume a sal, que exalas...
E nada, nada encontro igual
nada encontro que te retrate
que te descreva na essência.
Fecho o livro e caminho, caminho
por areias douradas que te bordejam
os olhos sempre fixos em ti, fixos
as pernas tendem a quebrar, o horizonte
ali mesmo, ao alcance do olhar
sento todo o corpo, cansado de esperar
e uma vontade enorme de ti, te comer
saborear, te degustar, saber a mar...


José Apolónia   19/11/13

terça-feira, 12 de novembro de 2013

ESCURECEU...

ESCURECEU...

Escureceu e veio a noite
e as palavras que escrevo
pintam de branco uma lua
que se estende pelo rio
em meus braços o teu peito
tão ofegante, mas tão ofegante
que pela tela escorre a tinta
com que nasce cada dia
e é noite, sim é noite de lua
e em nossos corpos florescem
todos os dias a todas as noites
rasgadas por gritos de prazer
como as marés, na foz do Rio
que vão e vêm, que vão e vêm
e escureceu e veio a noite
e as palavras com que te pinto
apenas revelam as estrelas
que cintilam em teus olhos
as lágrimas, guardo-as no coração
longe dos olhares do céu
e é noite e tenho-te comigo...

José Apolónia  12/11/2013