sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bem-haja

Bem-haja

Amigo não diz, é
Mesmo quando ausente
Amigo também sente
É gente

Não é caixote nem tapete
Amigo, gosta, apoia, critica
Tem no tempo uma palavra
Um gesto, que grita

Amigo é uma almofada
No desconforto latente
Não é amigo quem diz
Mas quem sente

Mesmo quando ausente
Amigo é uma dádiva, um presente
Não é caixote, nem tapete
É gente

É semente na sementeira
De uma vida inteira
É um manto branco
Um abrigo no tempo

Amigo não diz que é
Diz presente
Mesmo quando ausente
Amigo é gente

Não é caixote nem tapete
É gente, gente que sente

José Apolónia  29/04/2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

Por ora...

Por ora…

Hoje, ainda a navegar
Ao sabor do vento, pelo nosso rio
Meus pensamentos sulcar
E, pela noite o fado em mim escutar
Um fado triste, o deste rio
O nosso rio…
Quando ninguém o navegar
Nos prazeres do vento ao luar
Na alegria de sentir, o odor do mar
Para onde corre este rio?
Com sabor a mar
Que trará que não saibamos lidar?
Limbo de almas inquietas na sua felicidade
À espera… de um rumo ganhar.
Uma refrega que entra, o barco a adornar
Retorno ao navegar, pelo pensar
A lua que trago por companheira,
A marcar, de prata pelo rio, um caminho
Para onde corre este rio?
Ao fundo o mar … parece chamar…
Por ora terá de esperar.

Jose Apolonia  26/04/2011

sábado, 23 de abril de 2011

O tempo

O tempo

Tudo é tempo ou temporizado
O tempo infinito, o efémero
O tempo infinito que grita dos primórdios
De antes da existência…
O tempo efémero, … de uma vida
De uma estrela cadente
Do grito do Ipiranga…
O tempo que falta,
 Na aflição, de quem não tem
Na exasperação …
O tempo que sobra,
Na “alegria”, de quem tem
Na sobranceria do pão…
A ampulheta que capta
O tempo que se escapa
O tempo a tempo
Ainda a tempo

José Apolónia 23/04/2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Palavras

Palavras

Palavras ditas, escritas
Palavras
Palavras são palavras, passado
Palavras, ditas, escritas, lidas
Palavras pensadas
Usadas
Palavras são sempre passado
Palavras descrevem, usam.
Palavras  agridem no contexto
De quem as usa
São só palavras, passado
Palavras vão, não ficam
Mesmo as escritas
Ficam fechadas, são passado
Palavras usadas como farpas
Na agressão de quem as usa
Em quem sente
O quê?
Pouco importa, são passado
Escritas, lidas ou pensadas, agora
Agora?
São passado
Palavra (s)
(N) O futuro quando tocado pelo presente
É passado
Deixando na esteira de quem sente
Um sumo
Que podemos beber, ou não…

Jose Apolonia 21/04/2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Gostei...

Gostei…

Parado de movimentos, estático
Olhando…
A meus olhos uma miragem?
Não, … uma flor ali sentada
Passado tanto tempo…
É verdade, o tempo voa
E nós com ele, … aqui
Olhando.
Gostei, … gostei muito
De sentir
A quietude na tranquilidade do ser
Revelando uma paz interior…
De ouvir
A melodia na voz, ecoando doce
Como mel, escorrendo por meu ser
Gostei, … gostei mesmo
De ver
O sorriso meigo no olhar
A perscrutar
E assim, mergulhado neste sentir
Navegando estas emoções
Me fui,
Desencontrado nos passos, a andar.

José Apolonia   20/04/2011

terça-feira, 19 de abril de 2011

Fechei os olhos...

Fechei os olhos…

Fechei os olhos e fui
Deixei-me ir
Assim, sem mais, só a navegar
Ao sabor de um vento incerto.
A leveza do corpo revela
Uma alma a cabriolar
Por um pensamento difuso, no sentir.
Ao fundo, um vislumbre
Uma casinha, de amarelo pintada
Esverdeada
Uma pequena porta castanha,
Estranha ao olhar.
Minha alma resolve entrar
Se sobressalta a casinha
Com o silêncio do pisar
Se inquieta
Com a leveza do sentir
Sussurro
Sossega, sou eu, só vim espreitar
Lentamente, abro os olhos
Regresso ao olhar
Sobre rio a repousar

Jose Apolonia   19/04/2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ontem...

Ontem…

Mais uma pedra
No meu castelo
Em sonhos sonhado
De pedra sobre pedra
Levantado
Por pedras vivas da vida
Em mim desenhado
Pedaço de algodão doce
Minha alma, tocando
Deixando escorrer
Este sentir tintado
Para que amanhã
Possa ser recordado
E que ao sorrir
Na lembrança
Te envolva no sorriso
Do meu abraço

JoseApolonia   17/04/2011

domingo, 17 de abril de 2011

Tempestade...

Tempestade…


No meio do oceano, a navegar
Com um mar tremendo e o vento uivando
Ondas que se dobram sobre um barco ganindo
O céu, de um cinzento tão escuro, que parecia breu,
Chora convulsivamente, lágrimas de água.
E por segundos, não sei…mais parecia uma eternidade
Estica seus braços, de um amarelo tão azulado
Fazendo se da noite dia, tudo se vendo.
O barco as voltas, o mastro partido,
O mar na sua fúria, o barco em destroços.
Na ânsia de viver, pedaços de tudo
Retalhos de vida, destroços que submergem
Alguns, tocados por lampejos do céu,
Beijos de um amarelo azulado,
A arder…
Das cinzas, as suas cinzas, espalhadas pelo vento
E pelas lágrimas de agua, da vida, tocadas
A renascer…

JoseApolonia   17/04/2011

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pela tarde...

Pela tarde…

À muralha,
As mesas encostadas, as cadeiras ao sol,
As pernas cruzadas, desalinhadas,
Os copos meio cheios, de um néctar perfumado
E por todos, observado, … nunca esteve gelado
Os olhos inquietos, no horizonte pousados
As falas se soltando, de pensamentos guardados
Os risos eclodindo, pela brisa levados
Que na sua leveza, transporta…
Fios de seda falados, pelas falas bordados,
Na saia puxada, das pernas cruzadas,
Chorando?
Pelo olhar que não cala, o seu desencanto
Entre amigos que estão e outros que vão…
… Chegando.

JoseApolonia   15/04/11

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vive

Vive

Não deixes que morra
O sonho que em ti existe
Não deixes que se evapore…
O tempo
O tempo que passa
Não deixes que se perca
O perfume da primavera
Das primeiras chuvas no Outono
Da terra molhada, da maresia…
Permite te passar no tempo…
Grita, chora …vive
Procura em ti, esta tudo ai
Chega de amarguras
Liberta te
Liberta te em ti e por ti
E não te esqueças
Em nos, em todos nos
Existe o poder …
De trilhar o nosso caminho
Assim tenhamos a coragem
Beijo

JoseApolonia  14/4/11

terça-feira, 12 de abril de 2011

Deixa te ir...

Deixa te ir …

Deixa florir o amor.
Que há em ti
Que tudo se acalma
Tudo se esbate
No mais profundo do ser
Deixa que uma flor brote…
E alimenta a
Deixa te ir na asa da gaivota
No seu voo planado
Fecha os olhos
Uma luz branca ao fundo
Deixa que inunde …
Todo o teu ser
Sente…
Tudo…, tudo mesmo…
Tem em si o belo
O bonito
Deixa te ir neste sentir
Navega estas emoções
Que tudo se esbate
E volta a florir

JoseApolonia    12/4/2011

sábado, 9 de abril de 2011

Talvez...

Talvez….

Muito bonita esta noite
Calma, serena
Sim é verdade, linda de morrer
Não corre uma brisa, nada
As luzes penetram pela água
Que forma um quadro vivo de vida parada
O silêncio rasgado a espaços
Algures uma ave canta
Um carro passa na grade que grita
O barco chora ao meu mexer
Chiuu……, a ave que canta….
De cigarro na mão observo, escuto…
O fumo teima em não subir
Desenhando estranhas formas a meu ver
Num momento de descuido
O silêncio envolve todo o meu ser,
Uma lágrima cai, no sentir
Talvez do fumo, talvez por tudo….
Talvez por nada….
Talvez por tamanha beleza,
Me ser dada a viver
Talvez…

Jose Apolonia   5/04/11

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ide...

Ide…

Ide vis criaturas
Vampiros sugadores de alegrias e esperanças
Sanguessugas na alma
Ide
Ide ontem
Semeadores de discórdias,
De terras áridas em corações férteis
Ide
Ide ver
Vossos campos outrora áridos de tudo
 Por mim agora tocados
Ide, não tenhais medos, abri os olhos e vede
Vossas áridas planícies por flores de vida repletas
Por cores coloridas de flores pintadas
Ide
Ide-vos banhar
No canto das andorinhas na primavera
Nos lagos de pétalas de rosa por mim formados
Nos odores dos campos floridos, por flores criados
Ide
Ide e tende esperança
 Que o sofrimento é efémero
E o perfume do amor pelo mundo…. É eterno…

Jose Apolonia  8/04/11

terça-feira, 5 de abril de 2011

Pela vida...

Pela vida…

Viver …. A vida, a nossa própria vida
Construir, fazer, desfazer tornar a construir
Sem medos sem receios. Há tanto que fazer que aprender
Construir algo…não de palavras ou pensamentos
Construir de factos de momentos feitos, construindo…
A vida sempre nos alimenta a alma, nos da força
Umas vezes nos alimenta de esperança, outras de raiva
De sofrimentos e alegrias.
Não escolhemos nós, no dia-a-dia os nossos alimentos?
Por vezes não é possível, eu sei muito bem.
Mas se pudermos escolher?
Na vida é igual ….
Porque sofrimento ou raiva? Será uma espécie de droga?
Por mim procuro alimentar me de alegria e esperança
E assim construir, devagar, no meu ritmo, …. Na vida
 Deixando a minha marca
Alguém no caminho me disse “quem sou deixa marca…”
Todos deixamos uma marca mais ou menos vincada
Espero a minha indelével de AMOR e ESPERANÇA
Construindo, devagar ao meu ritmo….pela vida
Até um dia, ate breve………

José Apolónia 5/04/11

segunda-feira, 4 de abril de 2011

À espera…

À espera…

Todos os dias à espera
Espera por palavras
Cheias de tudo, ocas de nada
Escuta o vento, o vento que passa
Palavras surdas não escutadas
Numa pedra a voar trancadas
Não nada, palavras ocas de tudo
Palavras caladas, cheias de nada
Espera, espera e nada
 Espera por tudo, espera por nada
Escuta o vento do deitar
Escuta o silêncio, do caminhar
Espera por palavras….
Palavras fechadas numa pedra a voar
Parada de rumo ao navegar
Palavras mágicas de encantar, em si trancadas
Sem as escutar, trazidas pelo vento do luar
Espera, … espera um dia escutar.

Jose Apolonia   4/04/11


Uma flor

Uma  flor

Uma flor na calçada
vi….
Gente que passa sem reparar
Gente apressada no andar
Sem tempo para parar
Gente que grita com o pisar
E a flor na calçada
So…
Com tanto para nos dar
Dançando uma dança encantada
Por uma suave brisa, embalada
Sempre no mesmo lugar
E eu…
Perplexo no olhar
Com a flor na calçada
De beleza estranha e rara
Dobro me para a cercear
E ela…
Na sua dança embalada
Por meus olhos dando entrada
E  por minhas mãos tocada
Continuando a dançar
Minha alma enfeitiçada
Por rara beleza tocada
Na calçada a deixa estar

Jose Apolonia  4/04/11

sábado, 2 de abril de 2011

Pensando na vida…

Pensando na vida…

Na vida vivida da vida passada
Neste dia cinzento pensando na vida
Na vida que escorre da vida com fel
Na vida cruel da vida sentida
Pensando no sol pensando na vida
Na vida que escorre da vida com mel
Na vida que corre da vida parada
Na vida triste da vida sofrida
Pensando em ti na vida corrida
Pensando em ti vida contida
Neste dia cinzento de vida
Vida ávida………. de vida

José Apolónia  2/04/11

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Mar em Mim

Eu sou o mar, o mar sou Eu
Um  mar encorpado, num corpo tomado
Por um mar revolto ate encrespado
Clamando meu corpo para ser navegado

Minha alma desperta, por emoções tomada
Pelo mar navega toda enfunada
As ondas correndo, pelo corpo doendo
E a alma fugindo ao sabor do vento

O mar elevado pelo vento irado
Os olhos em agua do mar encorpado
Gritando e bramindo pela alvorada
O corpo despertando …. A alma aportada
Jose Apolonia   1/04/11