terça-feira, 27 de setembro de 2011

Nasceste flor em mim, pétalas…

Nasceste flor em mim, pétalas…

O dia nasce em mim, sereno, calmo
Ao fundo uma bola de fogo, nascente
Nasceste flor, de uma flor, floriste
Tuas pétalas em sal formadas, cintilam
Cobrem meu corpo, extasiado, completo
A agulha da bússola desloca-se, devagar
Em breve, muito em breve, navegarei
Viverei em ti, sobre ti, em teu dorso
Em tuas ondas, em todas as tuas ondas
Viver, escrever, pintar as flores com tintas
Colorir as estrelas que em ti cintilam e traçam
Linhas novas um novo azimute em ti, Mar
Cerro meus dedos, em tuas cristas brancas
Em breve muito em breve, navegarei
Por teus caminhos bordejados a prata, prateados
Uma lágrima espreita, deixo que se escape
 Que me percorra as íngremes escarpas
Que seja beijada pelo sol, que se evapore
Em parte sal, pétala de sal, flor de sal em mim
Teu perfume, aroma Amar perpetuado
Teu rugido AMAR, forte, poderoso, persiste
Doce, como o canto de um rouxinol, AMAR

Jose Apolonia  27/09/11

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sermos Nós…

Sermos Nós…

O que é preciso mesmo é ter
Olhos que de tão abertos o têm
Mesmo quando fechados o brilho
Que se escapa e ilumina, nos ilumina
Que dá razão à flor na calçada
Ao peixe na poça criada na rocha
Ao rato do deserto, no deserto
Às ideias que por o não serem
Mais não são que ideias, prisões
Estradas repletas, completas, alcatrão
O que é preciso mesmo é ter
No sítio certo, na hora certa
A coragem de nos libertarmos
De andarmos sem medo, libertos
Nascer no meio de um oceano
Deserto de tudo, repleto de nada
Como uma tela virgem e criarmos
Sermos Deuses de nós próprios
Sermos a nossa própria esperança

Jose Apolonia  25/09/11

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O TEMPO CORRE, ESCORRE EM NÓS…


O TEMPO CORRE, ESCORRE EM NÓS…

É triste quando nos perdemos entre espelhos
Quando permitimos que falem por nós, cobardia
É bom perdermo-nos, gosto de me perder
Quando pequeno por entre arvores gigantes
Sentava-me e pensava, estou mesmo perdido
Mas não, encontrava sempre o caminho, o meu
Ainda hoje gosto dessa sensação, perdido
Em mim, no Mar, no Rio, por AMOR, perdido
De me perder por entre pequenas coisas
Mas acima de tudo gosto de me encontrar
De me ter encontrado a mim, gosto mesmo
É verdade, andei perdido, por ai, perdido
Pelo tempo, no tempo, demasiado tempo
Demasiado precioso, não é raro mas esgota-se
Em nós e não tem espelhos, nem desculpas
É assim simples o tempo, apenas corre
Os espelhos encerram-nos a nós, almas
Doridas, sofridas por desamor, desalinhadas
Mas não ao tempo que corre, esse corre

Jose Apolonia  22/09/11

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Bar Tejo



Bar Tejo

As batidas soam pelas pedras negras
Há muito pisadas gemem
Pequenos ruídos ecoam em mim
Em cada passo, a cada passo
As ruas estreitas parecem tombar
Estreita-se o sentir dos passos
Estranhos desígnios me guiam
Paro à porta de um Bar, fechada
 Ruídos e luz escapam-se por frestas
Sento-me, navego em mim
Pelo meu canto, no meu canto existe
Existes como um jardim
No meu canto existe um jardim
Não tem árvores mas mastros, esguios
Elevados não temem os céus
No balanço brincam com estrelas
As ervas tem a forma de peixes, chapinham
Existem aves, gaivotas, patos e outras
Com cânticos que de tão belos me elevam
Regresso a mim, à porta do Bar, fechada
Navego agora firme nos passos , o Rio
O Rio corre , escorre para o Mar
À espera de um dia, um dia de cada vez

Jose Apolonia  20/09/11

sábado, 17 de setembro de 2011

Por vezes sonho…

Por vezes sonho…

Que caminho à beira mar
Por desenhos espumados, formados
Ondas espraiadas pela praia
Desenhos, Tu, Eu, desenhados
Quatro da manhã acordo
NÂO È POSSIVEL
Sonho, acordo, estou acordado
Saio, caminho, quero e vou
Não é fácil não o tem sido
Mas vou, viajar, caminhar, palavras
Quadrados, paginas, gaiolas de palavras
Recortadas, em formas, por lâminas
Pombas brancas, intenções puras
Não! A água despenha-se, cai
Chove, as palavras caem, são palavras
 Nunca o foram mais, nem menos
Molhadas, chovem palavras, caem
Abruptamente despenham-se no caos
Desfazem-se em letras, ilegível o sentido
Tocadas pelo vento, pela água, por algo
Relações de ralações persistem em nada
Sentidas, sentidas não, sem sentido
Adormeço, e espero, espero acordar…

José Apolónia   17/09/11

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lentamente, muito …

Lentamente, muito …

O tempo corre, lento
Muito lento em mim, calmo
Espero com o vento
Vento que também corre
Lento, deitado, Eu
Degusto um fruto, romã
Lentamente, bago a bago
Se esvai o fruto, o tempo
Em mim o mar, me abraça
Acordo
Braço de Rio não Mar
Rio, sorrio à vida
Lentamente me dispo
De suas tépidas águas
O dia também corre, lento
Lentamente se veste de negro
Com botões que cintilam
Estrelas, muitas que chegam
Mas é a Lua que espero
Sereno, calmo, no embalo
Adormeço, sob seu manto
Sua luz Alva me aconchega…

Jose Apolonia  15/09/11

A capacidade de amar...

A capacidade de amar
Não
se
Esgota
Em
Nós
Que
Amamos
Mas parece que
se
esgota
parece
que
se
esgota
algures
em
quem
nos
é
demasiado
próximo
como um pavio que arde
pela chama de um fósforo…

Jose Apolonia   2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

MAR

MAR

Em mim desaguas Mar
Existes
Aqui me encontro contigo
 
No pensamento ideias, ideais
Que se formam, florescem
Em tuas cristas brancas
Se desvanecem
Quando te espraias
Quando com violência te atiras
Às rochas, negras de escárnio
Inamovíveis
Teimosamente, continuamente
Em mim teus cânticos
Vivem como num búzio
Fervilham, fervilho
Junto a ti me encontro
Sempre, inteiro

Jose Apolonia  13/09/11

sábado, 10 de setembro de 2011

Na Praia AMAR

Na Praia AMAR

O Mar nervoso, irado
Eleva-se e dobra-se sobre si
Em rebentações violentas espuma-se
 Demonstrações de grandeza, morrem
 Em seus pedaços, pedaços brancos, alvos
Lençóis brancos de espuma cobrem-no
Em orgias sucessivas abate-se
Sobre as areias da praia deserta
Que transpiram, respiram Mar
Curvo-me em sua grandeza
Com minhas mãos me lavo, refresco
Sem cuidados caminho para seu ventre
O Sol envergonhado esconde-se
Pragueja em tons amarelo vermelho
Num mergulho entro todo em si
O Mar agitado, revolto, grita por mais
Em ondas que se vem sucessivamente
Devolve-me às areias da praia
Em seu lençol branco descanso, sorrindo
Em mim seu perfume, cheiro AMAR

Jose Apolonia  10/09/11

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

No Mar a Navegar...

No Mar a Navegar...

O Mar está calmo, sereno
Parece dormir um sono
Espelho das almas, profundo
Aves marinhas voam em círculos
Única brisa sentida de suas asas
O silêncio rasgado por seus gritos
Vorazes, acutilantes, dilaceram-no
Perfuram-no no seu âmago
Em seus bicos filhos do Mar

O dia caminha devagar
Em silêncio, reina o silêncio
À deriva sulco suas águas
O Sol já cansado brinda-nos
Com suas cores extasiantes
Navego pela noite que se entranha
Na espera do ocaso lunar
Bebo deste cálice imenso, embriago-me
Neste Elemento Mar, meu Elemento, o Mar

Jose Apolonia 08/09/11

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Eu permito-me

Eu permito-me

Permito-me pensar, dizer
Permito-me fazer, desfazer
Até me permito a mim
Olhar o mar casa minha, Eu
O Mar que me eleva transporta
Na sua crista de espuma
Que se revolta e me revolta
Sua densidade, sua densidade
Salina me impede afundar
Talvez menos mar ou salina
Ou mesmo menos, Eu...
Que gosto e gosto de gostar
E me permito dizer, pensar
Pelo Mar revolto sem cais
Sem porto ou abrigo
Amar não é menos é mais

Jose Apolonia 07/09/11

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O amor é transversal


O amor é
O amor existe aqui agora
Está por todo o lado
Nas coisas mais ínfimas
Existe por ai desamparado
Por vezes toca-nos ao lado
Outras, cega-nos o amor
Difícil aceitar o pôr-do-sol
O nascer do dia nublado
Correr por campos verdejados
Sentar só a ouvir o mar
Aceitar a natureza a nossa
Tendemos a conflituar a amuar
O olhar para os outros, reclamar
Esquecemos simplesmente esquecemo-nos
A nós, de crescer em harmonia
O amor está ai, sempre esteve

Jose Apolonia 06/09/11

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Como um sopro...

Como um sopro...

Na minha mente existes
Como um nó desfeito
Como sopro que se desvanece
Em mim a memória de ti
Os passos pisados devagar
Os risos largados ao ar
Fresco, maresia de algo
Não me recordo de algo
Se desvaneceu como fruto
Não colhido morreu, sonho
Caído rolou na terra ávida
Engolido lentamente, sofregamente
Sementes germinam em gemidos
Na mente ouve-se o Mar bravio
Batendo forte no coração

Jose Apolonia  05/09/11

domingo, 4 de setembro de 2011

Deixa fluir, sente


Deixa fluir, sente
Deixa escapar o que na verdade
Te é mentira deixa o fumo escapar
Sê assim simples como beijar
Como o beija-flor, suave
Beijar assim você fica dormente
Conta, conta para mim diz a verdade
Você não tem coragem ou verdade
Sobre si não se quer encarar, dói
A dor dói é dorida sabe bem a dor
A que sabe? Mar mel, rosa tinto
A medo, a você forte com porte
A medo você é só medo, de si
É neblina nevoeiro perdida
Atrás das palavras escondida, só
Entre livros de escolhos duros
Inamovíveis parecem mentiras
Não o são as palavras sentidas
Claras, evidentes, demasiadamente
 Obscuras, opacas, fumegantes
Em tons rosa ou mesmo rosa
Ou talvez mesmo em tons rosa
De medo, rosa medo mas
Suave como o beija-flor
Na flor, suave a beija

Jose Apolonia  04/09/11

sábado, 3 de setembro de 2011

Anda, vamos dançar


Vamos dançar
Ouvir musica, dançar
Entrar pela noite dançar
E acordar, acordar num campo
Minado por flores sem cor
Como caras sem rosto ou dor
Vamos fazer aquela dança
A dança que o peixe dança
Quando preso ao anzol
Dança ainda com esperança
Inóspito local

Vamos dançar
Ouvir musica, dançar
Ao som do vento bailar
À chuva junto ao Mar
Vamo-nos acordar, viver
Pintar o Mundo da cor
Daquela cor que tem o amor
Vamos dar aos olhos estrelas
Que cintilem a cada passo
De todas as danças
De enfeitiçar até os cépticos
Anda, vamos dançar

Jose Apolonia  03/09/11

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

LUA COM LUAR


LUA  COM  LUAR

Lua luar
Sob a tua luz
Oiço o meu caminhar
Pela noite
Persigo sombras em silêncio
Que teimam em se desencontrar
Olho-te no desespero
De a um caminho rumar
Percorro ruas e ruelas
Meto até conversa com elas
Respondem-me no silêncio
Os meus passos
As sombras parecem zombar
A noite vai longa
Caminha como Eu, só
Sob a tua luz me sento
Olho-te bem no centro
Esboço um sorriso, tímido
Questões que me atormentam
Flutuam entre nós
Pedaços de ti de mim, retalhos
Continuo na esteira de sombras
Persigo o sonho de acordar
 Num Mundo sem respostas vãs
Não quadrado ou obtuso
Num Mundo com atitude, postura
Um sonho apenas um sonho
Que persigo …



Jose Apolonia  30/08/11