sábado, 27 de dezembro de 2014

No recato do lar...

No recato do lar
onde, breve
é o brilho das luzes
penduradas na árvore
e o latir do cão
que faz eco
por folhas verdes
de hortelã
nasce, aquele copo
de gim embriagado
pela centelha
que se escapa do teu olhar
e floresce no meu corpo
um formigueiro
no recato do lar
onde breve
é o brilho das luzes
por onde me fazes navegar
e o latir do cão
que me esqueço de pintar
naquela tela verde
onde o copo devia estar
e o cheiro a hortelã
e o do gim
e o nosso
que se enrola
no recato do lar
embriagados de vida
são os corpos de luz
por onde nos bebemos
centelha a centelha ...

2014  José Apolonia




quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

ESTREMECES...

Os dedos correm, formam nós em nós
percorrem devagar,  muito devagar
todo esse corpo que carregas ao sorrir
queres que pare, queres muito que pare
ou não, pelo tremor diria que não
como maré que encheu tens de gritar
a vazante para apenas tornar à enchente
os corpos crepitam sob ondas de calor
entre gritos e gemidos o sol esvai-se
e pela penumbra que se instala
os braços entrelaçados sem dó
clamam pela chama da noite
os dedos das mãos de todas as mãos
procuram a vida no fervilhar do vulcão
a grade que canta, canta e encanta
teus olhos por onde brotam canções
que navego de velas desfraldadas
ao vento que não sendo de norte
que não sendo de sul
é apenas o vento que sopra
sem sentido, do nosso aMAR ...


Jose Apolonia 2014