quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

SORRISO AO MADRUGAR

Gostava...
de me dedilhar
em versos
palavras, desenhadas
talvez até palradas
ou numa tela
ouvir-me, sentir-me
mais...
Um pouco mais
Eu !
nascer, explosão
ou, morrer a amar
o desabrochar
da flor,
do dia a despontar
do sorriso ao madrugar
mas a verdade, a verdade
é que morro ao viver
as palavras...

Escuta... as palavras
naufragadas no Mar
que sereno está
ao luar, este luar...

José Apolónia      22/12/11


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Assim estou...

Fechado entre quatro paredes e tu por aí...

E tenho em mim...

o Sol,
...meus rebentos
o Rio,
...meu leito
o Mar,
...minha perdição
a Asa,
...minha ilusão
a Pintura,
...minha abstracção
a Escrita,
...minha confissão
o Caminho,
... sempre o meu
o Amor,
...uma tentação

E Tu por aí , algures no firmamento...


José Apolónia   15/12/11




quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sentado de Pai Natal



Sentado de Pai Natal de olhos rasos no chão

É noite e o frio desce à cidade
engalanada por luzes mil
de seres dormentes no chão
em suas casas itinerantes de papelão

É Natal...de olhos rasos no chão
ouço histórias ricas de vidas perdidas
incrédulo não consigo rir nem chorar
nos sorrisos desses olhos sempre a brilhar

De olhos rasos no chão, vejo Pais e Filhos, de alguém
perdidos de mendigos...
Na noite que vai longa e as pernas da alma destroçadas
neste frio agora acompanhado pelas lágrimas do céu.

O regresso ao lar num silêncio gélido de arrepiar
muito mais poderia aqui narrar sem encantar
mas...
Hoje é Natal e não consigo parar uma só lágrima


José Apolónia   14/12/11

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Isto Sou Eu...

Sou um simples adeus,
uma folha ao vento

O respingar da rebentação,
o vento que passa.
A água que se te escapa,
quando me bebes à mão

Sou o fogo que te consome,
na memória, no coração

Sou a estrela que te dá o rumo,
o pirilampo que te alumia
na noite escura e sombria

Sou tudo, não sendo nada
tronco do desespero que agarras
quando tendes tudo, é nada

Sou árvore de Outono, Diospireiro
despido de roupagem, nu de tudo
menos do fruto, do amor da cor

Sou Árvore, sou Diospireiro, sou Eu...

José Apolónia   14/12/11






segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Assim estou...
Como acordes arrancados à força de um violino.

Gostava de me guardar em mim
recolher-me como vela sem vento
colocar o Eu na tela do abstracto...

Mas ousaste...

Tocar as cordas estáticas, tensas
pintar os acústicos desta alma
vibrar neste corpo com palavras mil...

As estrelas ainda brilham no firmamento, mas é noite.

José Apolónia  12/12/11




sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


Assim estou…
Como gota de orvalho em folha pintada de Outono.

Oscilo na dúvida.

De me evaporar
Num raio de luz
Desaparecer…
Ou
Despenhar-me
No abismo
Alimentar as tuas raízes…

José Apolónia      09/12/11

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Em meus olhos nasceu um Oceano, Em queda pelas íngremes escarpas, Encontrou na forma serena de um lago, A paz do amor.

J.A.  2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

DISTANCIA COLORIDA

DISTANCIA COLORIDA

Beijo-te no sonho de rosa vestido
E dispo-me da saudade (que) sem ti
nesta distancia curta que nos separa
pinto com meus próprios dedos
um caminho, uma estrada, uma ponte
cubro a distancia das cores do arco-íris
e espero-te  no fim, junto ao riacho...

Minha amiga Kha Tembe escreveu
" A distancia é um bichinho de colorir"

Sem duvida a distancia é um bichinho
que se cobre, de lápis de colorir
que se a negro nos corrói, de dor
mas se a cores, nos sorri na alma
e nos transforma em arco-íris
para que no fim, nos encontremos
entre as cores da rosa e do bem-me-quer
e assim nos possamos amar (e) por amor
adormecer no sonho de rosa vestido...


José Apolónia   06/12/2011



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

EU, EU MORRI…


 EU, EU MORRI…

Morri no mundo das pedras
Morri no meio do nada, só
Num sitio recôndito, de calhaus
Que como Eu aí jazem, imóveis
E…
Esperam ser esculpidos no tempo
E assim voltar a viver, renascer…
Em cada pedacinho de espuma
Pedacinhos, de Amor meu
Que se libertam do Mar bravio
Em rebentações violentas, espasmos
E te tocam pelos longos areais
Como beijos de sonho num sonho
Renasci…
Na primavera, em todas as primaveras
Quando as flores silvestres despertam
E esticam suavemente seus braços de pétalas
E me deixam escapar como essência, elixir
Do Amor com que te toco e ao Mundo
Suas pedras acordo, dou vida com Amor
Morri, é verdade, mas renasci na essência
Das coisas mais ínfimas e simples (mente)
Sorrio e sou o sorriso ingénuo da criança
Que em todos nós vive,

José Apolónia    01/12/11 


Assim estou...


Como tinta que nos escorre dos sentimentos profundos da alma,
tintando o papel alvo das cores sofridas no relevo das palavras






J.A.   2011

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Nem eu sei...

Nem eu sei...

um ataque tenho sempre
que me desprezas
que é o habitual
o que de ti sempre tenho
de ti que não conheço
e sei sempre, o que esperar
sei em que lençol me enroscar
sei como o frio temperar
sei exactamente sua espessura
e me enrosco no nada
e assim me protejo
e olho a lua
e as estrelas
e espero o sol
e um dia ...
quem sabe...
o destino que é cru
nos encontre, na rua
e como que por milagre
derrame uma lágrima
que de tão quente
se evapore no etéreo
do calor
de nossos corpos que
de tão nus, se não conhece
o tempero…
os dedos fervem, ardem…
na saudade, como Eu

Jose Apolonia 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

O FRIO DA LEMBRANÇA

A lembrança de dias idos
ecoa  no grito estridente da gaivota
pela madrugada fria onde me aconchego
a mim, na sombra que me assiste
as estrelas cansadas de cintilar, já dormem
a lua essa permanece em seu quarto à janela
por onde espreito em arrepios de frio
o Sol que brilha, nas gotas cravejadas pelo convés.
E ecoa em mim, o grito estridente da gaivota
mas talvez esse seu grito avassalador
não seja um grito e muito menos estridente
talvez nem seja da gaivota mas sim da alma
que sente o frio da lembrança  nesta madrugada
que de tão fria se faz sentir por dentro, cá dentro
por onde as paginas escritas na memória voam
por mim enquanto me visto lentamente e observo
a cama desfeita, despida, nua de ti como Eu

José Apolónia  27/11/11

terça-feira, 22 de novembro de 2011


Não procures
Por entre as escarpas
Escuras da vida
Nada aí existe
Para além das sombras
Cinzentas, errantes
Do passado
Se te queres a ti
Se te queres encontrar
Dá-te ao trabalho
E com as tuas mãos
As tuas próprias mãos
Escala
Sobe até ao cume
E aí chegado, senta-te
Deixa que o SOL te ilumine
Sente a sua luz, quente
Deixa que te abrace, te aqueça
E espera…
Espera a hora da LUA, das ESTRELAS
Aconchega-te nos seus braços
E dorme o sono profundo, sábio
Sob suas luzes cintilantes
E aos primeiros raios do SOL
Segue o caminho, o teu…
O que as ESTRELAS te indicaram
E vive, pois a vida é bela demais…

Jose Apolonia   22/11/11

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Mais uma vez tudo se torna branco um vasto lençol branco
onde terei de escrever, reescrever uma vida, reinventar...


J.A.  11

O PALHAÇO…


O PALHAÇO…

Palavras, palavras e mais palavras
Não ditas, não escritas, não faladas
Não
Não, não  e não,  nada disso
Palavras choradas, sim, choradas
Pelo corpo titubeante do palhaço
A plateia de crianças ri em gargalhadas
Os rostos da criançada iluminados
O palhaço esse o palhaço chora e ri
Na sua coreografia colorida
Por onde se esconde sua alma descuidada
E nos faz esquecer esta palhaçada de País
Onde outros palhaços vestidos sem cores
Em suas estranhas coreografias cinzentas
Riem, brincam e usam-nos sem pudor
Estranhos palhaços estes que só nos dão dor

José Apolónia  17/11/11  

quarta-feira, 9 de novembro de 2011


Existem dias assim, cinzentos
Cinzentos de vida e as folhas?
Essas amareladas pelo frio da dor
E em silêncio
Esperam atordoadas que o vento
As arrume junto a um lancil escuro

Os ramos da vida agora nus de castanho
Jazem quietos enquanto manchas verdes
Galopantes os tingem de esperança
No acordar em todas as madrugadas frias
Das estações vindouras e de cores vivas
Se preencham os rebentos em força viva

Um rouxinol poisa no ramo repleto e encanta
De amor, por amor a natureza grita, rasga
Rebenta de rebentos e em explosões nos inunda
Oiço o canto de uma andorinha…

Jose Apolónia  09/11/11

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Que importa?
EU
E todo o contraditório
Que encerram as palavras
Descritas na saudade,
A saudade não morreu
Que importa matar a saudade
Se como Bem-me-queres de espuma
Tudo se dilui nas aguas do Rio

Jose Apolonia  08/11/11

quarta-feira, 2 de novembro de 2011


Fecho os olhos e vejo-te
Quente de amor ardente

Vejo as chamas do amor
Vejo as lágrimas da dor
Derramadas com ardor

Vejo a alegria estampada
Nas palavras trocadas
Vejo os caminhos
Oiço a trovoada
Vejo-te a ti em mim
Vejo tudo, vejo nada

Vejo os pássaros em melodia
Vejo-nos a nós por amor amantes
Vejo a noite apagar-se pelo dia

Vejo e sonho-te num sonho com asas
Um arco-íris sorri e vejo-te a ti em mim

Jose Apolonia  02/11/11

Historias por pintar


Historias por pintar

Gostava de contigo escrever uma melodia
 De palavras pintadas em que as aves marinhas
Cantassem os sons da escrita e os peixes
Os peixes pássaros no seu voo dançassem
Nas asas deste sonho alado, e os outros
Os peixes sem asas chapinhassem o ritmo
Das nossas palavras enleadas pela noite
É noite e…
Dobras-te sobre ti nesta noite escura
O Céu e tu, meu Mar, pintados de escuro
Pintados como um só de um azul negro
Não vislumbro a linha, o horizonte o corte
Pequenas luzes brilham em ti, Mar e
Pequenas luzes brilham em ti, Céu
E apenas as tuas cristas brancas, revoltas
Dão profundidade à tua verdadeira imensidão
Onde por vezes me perco no olhar no sentir
E quando regresso sempre trago historias tuas
Minhas e nunca sei se sou tu ou tu és eu, meu Mar

Jose Apolonia   02/11/11

terça-feira, 1 de novembro de 2011

 Tudo tem um principio e em principio um fim mas o amor, o nosso amor não acaba, não tem principio nem fim, é nosso.




J.A: 11
 Existe sempre um caminho, o nosso, despido do frio do calor de tudo menos de nós que o trilhamos.


 J.A. 11
As horas o tempo, os minutos que caiem uns a seguir os outros, minutos que tambem caiem. Mas a esperança em nós essa permanece.


J.A: 11
Amar é o sentir um e outro, nus de ambos.


 J.A.  11

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Pássaros de Outono


Pássaros  de  Outono

As pontas dos cabos sem nó
Agitam-se ao sabor da leve brisa
A agitação ainda contida, observo
O nascer deste dia de Outono
As folhas, essas teimam, permanecem
 Em suas casas dançam como vagas, suaves
 As emoções fluem, como se de nascente
O brilho de todas as estrelas em ti, florisse
Como se flor fosses, embrutecida de desejo
Tocas a mais bela melodia ao nascer, o azul
Em ambas as margens deste Rio, emudeces
As palavras dançam, escorrem sob dedos 
Os cabos agora caçados vivem sob tenção
As velas cheias, enfunadas. O barco navega
O rumo?
Tua melodia que escuto nas águas trémulas
Que se afastam, rasgadas pela quilha incisiva
Ao leme, beija-me o vento a brisa que me leva
Devagar, pela vida como uma carícia no caminho
Tuas palavras vão e vêm como marés vivas
Em mim, o leme da vida, o leme do barco o rumo
Será sempre o dos pássaros que voam e navegam…

Jose Apolonia  31/10/11

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PINTAR AS PALAVRAS


PINTAR AS PALAVRAS

O dia escoa devagar em tua imensidão
Recolhes-te
As areias da praia nuas de ti choram
Água cristalina
Lágrimas tuas encontram-te no leito
Onde repousas
A saudade exasperada, toma corpo
Nervoso
O peixe encurralado nada em círculos
Em silêncio
Permanecem as pedras sem arestas
Seixos
Arredondados pelo teu vai e vem
Continuo
Em silêncio espero pintar a saudade
De branco
Teu lençol onde deito as memórias
Espraiado
Pelas areias ainda húmidas, esfumasse
O sentido
De cada coisa una mas separata

Sabes, prisioneiros como o peixe
Choramos a saudade em silêncio
Não passamos de seixos em formação
A quem a vida como tu, Mar
Vai limando as arestas, devagar
Pelo tempo infinito, interminável
Tudo diminui, até o sentido
Que não encontro nas palavras

José Apolónia  27/10/11

domingo, 23 de outubro de 2011

DIZ-ME…


DIZ-ME…

Diz-me, diz-me tu 
que te escondes nas palavras
como poderia ser o que não é
ou como sem sentido o houvesse
uma sombra na escuridão
tudo tem uma ilusão uma asa
e em principio um fim
a entoação essa coisa, melodia
que nos eleva e transporta
por vezes parados andamos
mas é raro de tão raro paramos
digo-te o que já muito disse
palavras são palavras só palavras
só palavras, só palavras, só palavras
mas...
sabes porque vou ao jardim?
sabes porque me perco no Mar?
sabes porque gosto de navegar?
sabes porque me sento e olho o Rio?
sabes porque ele esta sempre lá?
sabes que o cristal puro é negro?
sabes que a luz é nossa?
sabes que tudo é certo ou errado?
sabes no fundo o que te quero é simples
a primavera existe em todas as estações
e em todas, em todas em que parares
repara têm luz, rima e arrepia sempre
sendo ou não poema arrepia a pele
o chiar das rodas quando param as estações

José Apolónia 23/10/11

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

OS CAMINHOS QUE PERCORRO


OS CAMINHOS QUE PERCORRO

Os caminhos, os caminhos que percorro
 Na ânsia de te encontrar, de me encontrar
Contigo que não conheço que andas por aí
Comigo em pensamentos pela noite pelo dia
Tenho arrepios, os pelos eriçados e és tu
Que não conheço que mergulhas em mim
Como as luzes à noite mergulham no rio
Sabes que o rio à noite se veste de negro?
Que eu quando pequeno à noite tinha medo?
Agora à noite visto-me de negro como o Rio
Visto-me com a noite as cores do Rio, de negro
E sentado com ela por companhia observo, o Rio
As cores vivas da cidade perpetuam-se verticalmente
Formam caminhos verticais, coloridos, de sonho
Penso a cidade colorida, submersa no Rio de negro
Na procura da verticalidade pelas águas do Rio, sonho
E penso-te no fim de um desses caminhos coloridos
 Verticais, de sonho, que percorro um a um 
Na ânsia de te encontrar, de me encontrar contigo  
Acordo pelo Rio, o Sol num longo beijo à noite
As luzes recolhem à cidade que agora desperta
Lentamente o burburinho o rebuliço a azáfama
Instalam-se pela cidade como nós, desencontrados

José Apolonia   20/10/11

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

TEU SORRISO

TEU SORRISO

Esse teu sorriso existe
Esse teu sorriso, eu conheço
Perdido no horizonte entre trevas
Por caminhos selvagens, à beira MAR
Existe. Eu conheço-o. É teu esse sorriso
É simplesmente delicioso, aberto
Quente, tão quente que me perco
Perco o rumo sempre que o navego
E existe. Eu tenho-o em mim, guardado
Religiosamente, ciosamente em mim
Como o canto dum pássaro, ilumina-me
Aquece-me nas madrugadas frias, cinzentas
Embriaga-me como as cores quentes da borboleta
Dos jardins coloridos por flores selvagens
Esse teu sorriso floriu em mim e ficou
Como um oceano entre nós, onde me banho
E me perco, perco o rumo sempre que navego
Por esse teu sorriso delicioso, aberto
Sabor aMAR…

Jose Apolonia  18/10/11

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

NAS AREIAS DO MECO


NAS AREIAS DO MECO

O dia esvai-se, devagar
Sem vento, sem brisa alguma
Derrama sobre as águas límpidas
Tintas de várias cores, pincela
O azul marinho de vermelho, amarelo
Tudo mesclado, indistinto mas belo
No infinito horizonte, algumas velas
Pontos brancos navegam as cores
Imagino que aí o vento dorme
Nos panos brancos, alvos, no balanço
Do vai e vem ondulado do teu corpo
Sento-me sobre as areias, em mim
Fecho os olhos, transporto-me aí
A esses pontos brancos em ti, voo
Nas asas da gaivota em seus cânticos
Frenéticos, desperto-me em ti, MAR
Gritos estridentes ecoam sem eco
Por vales verdejantes pelas profundezas
Submersos pela calma petrificante
Das tuas águas por onde navego meu MAR

Jose Apolonia  13/10/11

sábado, 8 de outubro de 2011

Navego em ti meu Mar


Navego em ti meu Mar

Por teus caminhos me perco e encontro
Em ti as emoções brotam como água, seiva…
De fonte inexistente mas continua, da flor
Cerceada de algo por algo, chora, brota
Floresce, rosa de espinhos secos mas flor
Navega em ti na deriva de um rumo e chora
Navego em suas águas, diluídas em ti meu Mar
O tempo acelera e eu ao leme, levantas-te com o vento
As velas demasiado caçadas o mastro quase, quase
Num beijo em ti, arribo, folgo a grande, observo-te
Fúria repentina em ti, o barco casa minha, geme, grita
Em tuas formas onduladas desfeitas em fúria, espumas
Varres tudo, todo o convés te escorre, seiva tua, Mar
Em mim, espinhos cravejados em ambas as mãos
Escorrem-te flor, de cor rosa, choras aMAR
Procuras-te num dilúvio de tormentas, revoltas-te
 Num MAR de espinhos secos, áridos, arderam
Na deriva vi uma flor, florir no dorso da onda
No MAR Salgado pelo sal a navegar, em pé

Jose Apolonia   08/10/11

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Nasceste flor em mim, pétalas…

Nasceste flor em mim, pétalas…

O dia nasce em mim, sereno, calmo
Ao fundo uma bola de fogo, nascente
Nasceste flor, de uma flor, floriste
Tuas pétalas em sal formadas, cintilam
Cobrem meu corpo, extasiado, completo
A agulha da bússola desloca-se, devagar
Em breve, muito em breve, navegarei
Viverei em ti, sobre ti, em teu dorso
Em tuas ondas, em todas as tuas ondas
Viver, escrever, pintar as flores com tintas
Colorir as estrelas que em ti cintilam e traçam
Linhas novas um novo azimute em ti, Mar
Cerro meus dedos, em tuas cristas brancas
Em breve muito em breve, navegarei
Por teus caminhos bordejados a prata, prateados
Uma lágrima espreita, deixo que se escape
 Que me percorra as íngremes escarpas
Que seja beijada pelo sol, que se evapore
Em parte sal, pétala de sal, flor de sal em mim
Teu perfume, aroma Amar perpetuado
Teu rugido AMAR, forte, poderoso, persiste
Doce, como o canto de um rouxinol, AMAR

Jose Apolonia  27/09/11

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sermos Nós…

Sermos Nós…

O que é preciso mesmo é ter
Olhos que de tão abertos o têm
Mesmo quando fechados o brilho
Que se escapa e ilumina, nos ilumina
Que dá razão à flor na calçada
Ao peixe na poça criada na rocha
Ao rato do deserto, no deserto
Às ideias que por o não serem
Mais não são que ideias, prisões
Estradas repletas, completas, alcatrão
O que é preciso mesmo é ter
No sítio certo, na hora certa
A coragem de nos libertarmos
De andarmos sem medo, libertos
Nascer no meio de um oceano
Deserto de tudo, repleto de nada
Como uma tela virgem e criarmos
Sermos Deuses de nós próprios
Sermos a nossa própria esperança

Jose Apolonia  25/09/11

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O TEMPO CORRE, ESCORRE EM NÓS…


O TEMPO CORRE, ESCORRE EM NÓS…

É triste quando nos perdemos entre espelhos
Quando permitimos que falem por nós, cobardia
É bom perdermo-nos, gosto de me perder
Quando pequeno por entre arvores gigantes
Sentava-me e pensava, estou mesmo perdido
Mas não, encontrava sempre o caminho, o meu
Ainda hoje gosto dessa sensação, perdido
Em mim, no Mar, no Rio, por AMOR, perdido
De me perder por entre pequenas coisas
Mas acima de tudo gosto de me encontrar
De me ter encontrado a mim, gosto mesmo
É verdade, andei perdido, por ai, perdido
Pelo tempo, no tempo, demasiado tempo
Demasiado precioso, não é raro mas esgota-se
Em nós e não tem espelhos, nem desculpas
É assim simples o tempo, apenas corre
Os espelhos encerram-nos a nós, almas
Doridas, sofridas por desamor, desalinhadas
Mas não ao tempo que corre, esse corre

Jose Apolonia  22/09/11

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Bar Tejo



Bar Tejo

As batidas soam pelas pedras negras
Há muito pisadas gemem
Pequenos ruídos ecoam em mim
Em cada passo, a cada passo
As ruas estreitas parecem tombar
Estreita-se o sentir dos passos
Estranhos desígnios me guiam
Paro à porta de um Bar, fechada
 Ruídos e luz escapam-se por frestas
Sento-me, navego em mim
Pelo meu canto, no meu canto existe
Existes como um jardim
No meu canto existe um jardim
Não tem árvores mas mastros, esguios
Elevados não temem os céus
No balanço brincam com estrelas
As ervas tem a forma de peixes, chapinham
Existem aves, gaivotas, patos e outras
Com cânticos que de tão belos me elevam
Regresso a mim, à porta do Bar, fechada
Navego agora firme nos passos , o Rio
O Rio corre , escorre para o Mar
À espera de um dia, um dia de cada vez

Jose Apolonia  20/09/11

sábado, 17 de setembro de 2011

Por vezes sonho…

Por vezes sonho…

Que caminho à beira mar
Por desenhos espumados, formados
Ondas espraiadas pela praia
Desenhos, Tu, Eu, desenhados
Quatro da manhã acordo
NÂO È POSSIVEL
Sonho, acordo, estou acordado
Saio, caminho, quero e vou
Não é fácil não o tem sido
Mas vou, viajar, caminhar, palavras
Quadrados, paginas, gaiolas de palavras
Recortadas, em formas, por lâminas
Pombas brancas, intenções puras
Não! A água despenha-se, cai
Chove, as palavras caem, são palavras
 Nunca o foram mais, nem menos
Molhadas, chovem palavras, caem
Abruptamente despenham-se no caos
Desfazem-se em letras, ilegível o sentido
Tocadas pelo vento, pela água, por algo
Relações de ralações persistem em nada
Sentidas, sentidas não, sem sentido
Adormeço, e espero, espero acordar…

José Apolónia   17/09/11

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lentamente, muito …

Lentamente, muito …

O tempo corre, lento
Muito lento em mim, calmo
Espero com o vento
Vento que também corre
Lento, deitado, Eu
Degusto um fruto, romã
Lentamente, bago a bago
Se esvai o fruto, o tempo
Em mim o mar, me abraça
Acordo
Braço de Rio não Mar
Rio, sorrio à vida
Lentamente me dispo
De suas tépidas águas
O dia também corre, lento
Lentamente se veste de negro
Com botões que cintilam
Estrelas, muitas que chegam
Mas é a Lua que espero
Sereno, calmo, no embalo
Adormeço, sob seu manto
Sua luz Alva me aconchega…

Jose Apolonia  15/09/11

A capacidade de amar...

A capacidade de amar
Não
se
Esgota
Em
Nós
Que
Amamos
Mas parece que
se
esgota
parece
que
se
esgota
algures
em
quem
nos
é
demasiado
próximo
como um pavio que arde
pela chama de um fósforo…

Jose Apolonia   2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

MAR

MAR

Em mim desaguas Mar
Existes
Aqui me encontro contigo
 
No pensamento ideias, ideais
Que se formam, florescem
Em tuas cristas brancas
Se desvanecem
Quando te espraias
Quando com violência te atiras
Às rochas, negras de escárnio
Inamovíveis
Teimosamente, continuamente
Em mim teus cânticos
Vivem como num búzio
Fervilham, fervilho
Junto a ti me encontro
Sempre, inteiro

Jose Apolonia  13/09/11

sábado, 10 de setembro de 2011

Na Praia AMAR

Na Praia AMAR

O Mar nervoso, irado
Eleva-se e dobra-se sobre si
Em rebentações violentas espuma-se
 Demonstrações de grandeza, morrem
 Em seus pedaços, pedaços brancos, alvos
Lençóis brancos de espuma cobrem-no
Em orgias sucessivas abate-se
Sobre as areias da praia deserta
Que transpiram, respiram Mar
Curvo-me em sua grandeza
Com minhas mãos me lavo, refresco
Sem cuidados caminho para seu ventre
O Sol envergonhado esconde-se
Pragueja em tons amarelo vermelho
Num mergulho entro todo em si
O Mar agitado, revolto, grita por mais
Em ondas que se vem sucessivamente
Devolve-me às areias da praia
Em seu lençol branco descanso, sorrindo
Em mim seu perfume, cheiro AMAR

Jose Apolonia  10/09/11

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

No Mar a Navegar...

No Mar a Navegar...

O Mar está calmo, sereno
Parece dormir um sono
Espelho das almas, profundo
Aves marinhas voam em círculos
Única brisa sentida de suas asas
O silêncio rasgado por seus gritos
Vorazes, acutilantes, dilaceram-no
Perfuram-no no seu âmago
Em seus bicos filhos do Mar

O dia caminha devagar
Em silêncio, reina o silêncio
À deriva sulco suas águas
O Sol já cansado brinda-nos
Com suas cores extasiantes
Navego pela noite que se entranha
Na espera do ocaso lunar
Bebo deste cálice imenso, embriago-me
Neste Elemento Mar, meu Elemento, o Mar

Jose Apolonia 08/09/11

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Eu permito-me

Eu permito-me

Permito-me pensar, dizer
Permito-me fazer, desfazer
Até me permito a mim
Olhar o mar casa minha, Eu
O Mar que me eleva transporta
Na sua crista de espuma
Que se revolta e me revolta
Sua densidade, sua densidade
Salina me impede afundar
Talvez menos mar ou salina
Ou mesmo menos, Eu...
Que gosto e gosto de gostar
E me permito dizer, pensar
Pelo Mar revolto sem cais
Sem porto ou abrigo
Amar não é menos é mais

Jose Apolonia 07/09/11

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O amor é transversal


O amor é
O amor existe aqui agora
Está por todo o lado
Nas coisas mais ínfimas
Existe por ai desamparado
Por vezes toca-nos ao lado
Outras, cega-nos o amor
Difícil aceitar o pôr-do-sol
O nascer do dia nublado
Correr por campos verdejados
Sentar só a ouvir o mar
Aceitar a natureza a nossa
Tendemos a conflituar a amuar
O olhar para os outros, reclamar
Esquecemos simplesmente esquecemo-nos
A nós, de crescer em harmonia
O amor está ai, sempre esteve

Jose Apolonia 06/09/11

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Como um sopro...

Como um sopro...

Na minha mente existes
Como um nó desfeito
Como sopro que se desvanece
Em mim a memória de ti
Os passos pisados devagar
Os risos largados ao ar
Fresco, maresia de algo
Não me recordo de algo
Se desvaneceu como fruto
Não colhido morreu, sonho
Caído rolou na terra ávida
Engolido lentamente, sofregamente
Sementes germinam em gemidos
Na mente ouve-se o Mar bravio
Batendo forte no coração

Jose Apolonia  05/09/11

domingo, 4 de setembro de 2011

Deixa fluir, sente


Deixa fluir, sente
Deixa escapar o que na verdade
Te é mentira deixa o fumo escapar
Sê assim simples como beijar
Como o beija-flor, suave
Beijar assim você fica dormente
Conta, conta para mim diz a verdade
Você não tem coragem ou verdade
Sobre si não se quer encarar, dói
A dor dói é dorida sabe bem a dor
A que sabe? Mar mel, rosa tinto
A medo, a você forte com porte
A medo você é só medo, de si
É neblina nevoeiro perdida
Atrás das palavras escondida, só
Entre livros de escolhos duros
Inamovíveis parecem mentiras
Não o são as palavras sentidas
Claras, evidentes, demasiadamente
 Obscuras, opacas, fumegantes
Em tons rosa ou mesmo rosa
Ou talvez mesmo em tons rosa
De medo, rosa medo mas
Suave como o beija-flor
Na flor, suave a beija

Jose Apolonia  04/09/11

sábado, 3 de setembro de 2011

Anda, vamos dançar


Vamos dançar
Ouvir musica, dançar
Entrar pela noite dançar
E acordar, acordar num campo
Minado por flores sem cor
Como caras sem rosto ou dor
Vamos fazer aquela dança
A dança que o peixe dança
Quando preso ao anzol
Dança ainda com esperança
Inóspito local

Vamos dançar
Ouvir musica, dançar
Ao som do vento bailar
À chuva junto ao Mar
Vamo-nos acordar, viver
Pintar o Mundo da cor
Daquela cor que tem o amor
Vamos dar aos olhos estrelas
Que cintilem a cada passo
De todas as danças
De enfeitiçar até os cépticos
Anda, vamos dançar

Jose Apolonia  03/09/11

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

LUA COM LUAR


LUA  COM  LUAR

Lua luar
Sob a tua luz
Oiço o meu caminhar
Pela noite
Persigo sombras em silêncio
Que teimam em se desencontrar
Olho-te no desespero
De a um caminho rumar
Percorro ruas e ruelas
Meto até conversa com elas
Respondem-me no silêncio
Os meus passos
As sombras parecem zombar
A noite vai longa
Caminha como Eu, só
Sob a tua luz me sento
Olho-te bem no centro
Esboço um sorriso, tímido
Questões que me atormentam
Flutuam entre nós
Pedaços de ti de mim, retalhos
Continuo na esteira de sombras
Persigo o sonho de acordar
 Num Mundo sem respostas vãs
Não quadrado ou obtuso
Num Mundo com atitude, postura
Um sonho apenas um sonho
Que persigo …



Jose Apolonia  30/08/11

sábado, 27 de agosto de 2011

O MUNDO FECHOU AS PORTAS

O MUNDO FECHOU AS PORTAS

O amor no seu pico
No raiar da paixão
Louco, de inconsistência
Seus olhos incandescentes
Desprendem-se das faces
Tornando-o cego

Esféricas bolas de fogo
Rolam por colinas
Deixando um rasto
Sulcos, sulcos profundos
O cheiro entediante
A terra queimada

Gritos mudos ecoam
Por ouvidos surdos
O amor grita, cego
Grita por amor
O mundo fechou as portas
Mas não as janelas…

Jose Apolonia 27/08/11

QUE DIZER ?


QUE DIZER ?

Que dizer?
Que mais posso dizer?
Tu sabes
Tu sabes
Esses olhos falam
Eu leio nesses olhos
Eu leio-te
E tu sabes
Eu sei
Não estava à espera
Acontece
Queres as letras todas?
Todas mesmo ?
Agora?
Agora não
Até podia ser
Mas não é o momento
Ainda
E tu sabes
Eu sei
Eu
Encontro-me nas palavras
Por vezes perco-me
Nesse sorriso
Que te precede
Que me descobre
A alma

José Apolónia  

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

À noite no Baleal


À noite no Baleal

Está escuro, as poucas luzes
Amarelas, fracas pouco alumiam
Bebo um café na companhia
De um shot e dois amigos
À minha frente um cenário
Idílico, o mar a sua música
Que me envolve e desperta
 Nesta hora tardia
Que me transporta pelas brumas
No ocaso do desejo, sorrio
Deixo-me ir mas não te encontro
Não te vislumbro nesta escuridão
Mas sei que navego em ti
Navego em tuas águas, suave
Suave como a brisa pelo teu corpo
Existo…

Jose Apolonia  22/08/11

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sonho com o dia…


Gosto quando escreves em apelos
Em descrições sentidas
Quando em ânsias de desejos
Deliras em letras que formam palavras
Que deixam adivinhar o desejo
Que te percorre o corpo
Em arrepios de frio 
Gosto de te saber quente a ferver
Quando me imaginas em ti
Perdido
Quando em êxtase tremes
E me repudias desejando mais
E mais e mais e mais

Sonho com o dia 
O dia em que precedes a tua escrita
Em que te precedes
Com o dia em que todos
Todos os relógios param
Na mesma estação
Em que as horas sem tempo
Se fundem em nós

Jose Apolonia 16/08/11

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Meia verdade, meia mentira


Meia verdade, meia mentira

Meia mentira, falta metade
Da mentira
Meia verdade, falta metade
Da verdade
Há um problema, um
Pequeno quê
Todos aguentamos uma mentira
Completa, inteira
Mas…
Uma verdade…completa, inteira?
Quem aguenta? Não encontrei ainda…
Falo, conto pequenos trechos de mim
Do meu sentir, incompletos
Meias verdades
Metades
E sempre cala em mim
Como um barco 
Cala no rio
E penso, dói
Dói ao rio 
O que um barco cala
Em mim…

Jose Apolonia 15/08/11

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

EMOÇÔES...


Emoções...

Depois de tantos anos
Encontrar-te
Ver-te
Sentir-te
Abraçar-te
Primeiro a alegria aquela sensação
Aquele arrepio de saber, ver-te
Vou-te ver
A lágrima ao canto do olho
Que não cai, fica
Mas
Escorre una, como um afluente
De um rio, sempre ali
Mas por dentro escondida
Escondida
De repente brota
Qual cataratas no pico
Das chuvas
E gosto, gosto
Deste sentir
Gosto do rio da chuva das cataratas
De ti, de te ver…

Jose Apolonia  15/08/11

domingo, 14 de agosto de 2011

NAS BERLENGAS

NAS BERLENGAS

Ficava aqui eternamente, não em silêncio
Aqui não há silêncio, consigo ouvir os meus passos
Nos trilhos já muito calcados, consigo ouvir
Por entre o rugir do mar, o grasnar das gaivotas
Aos milhares, consigo ouvir o piar de suas crias
Gostava de te ter comigo aqui, de silenciar
O mar as gaivotas, tapar os olhos às suas crias
 E à noite uivar à lua ou mesmo às estrelas
E te escutar por entre os silêncios, da noite
Que nos unem e separam como marés entrepostas
Gostava de te ter aqui, de parar o tempo
Que as gaivotas e o mar que aqui reinam se silenciassem
Como eu, quando em êxtase me pronuncias, devoras
Que em silêncio tapassem, com suas asas
 Os olhos de suas crias
Gostava de parar o tempo de o rachar.

Jose Apolonia   11/08/11

sábado, 13 de agosto de 2011

COISAS SIMPLES...


Um sorriso estampado
Nos olhos
Nos meus olhos
Sinto-o de cada vez
Que contemplo uma flor
Uma pequena e simples flor
Quando me sento
A ouvir o cântico de um riacho
Ou estupefacto escuto
A história de uma pedra
Ali muito quieta, conta
Como saiu de uma pedreira
Os caminhos que percorreu
E agora ali inerte
O riacho corre incessantemente
Mas está sempre ali
Refresco os pés enquanto escuto
Por vezes parece-me distinguir
Pequenas palavras
Sorrio
Convenço-me que fala comigo
Como uma simples resposta
Que de tão pequena
Me preenche tanto
Coisas simples que me fazem sorrir
À vida

Jose Apolonia  09/08/11

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

EXPLOSÂO CÓSMICA


Como um cometa
Em aproximação fatal
A uma supernova
Em explosões tremendas
De cores
De matéria cósmica

A uma velocidade estonteante
Vivem
A  intensidade
Na exacta medida
Da velocidade
Com que se afastam

Jose Apolonia  09/08/2011

domingo, 7 de agosto de 2011

PURO, PURO O MEU SENTIR

PURO,  PURO O MEU SENTIR

Sentado numa cadeira
Os pés descalços
Num pequeno muro
O vento que sopra
Parece murmurar
Mas não estou atento
Na mesa um copo de gim
Vazio
Olho-o atentamente
Por breves instantes sinto-te
Ao meu lado
Pura ilusão que gosto
À minha frente o rio
Caldeado
Pontos de espuma
Que contigo aprendi
A chamar, denominar
Carneirinhos
Tenho saudade confesso
De um abraço um simples abraço
No mais puro dos silêncios
Ou apenas olharmo-nos
Nos olhos
Sem dizer palavra alguma
É duro
O caminho que nos propusemos
Subir e descer montanhas
Atravessar desertos
Vermo-nos, sem nos vermos
Abraçarmo-nos, sem nos abraçarmos
Sentirmo-nos, sem nos sentirmos
É curioso
O que se pode sentir
Sem nos termos
A nós

José Apolónia  07/08/11

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

COMO O RIO

COMO  O RIO

As portadas que em mim se fecham
No crepúsculo do dia
De um ciclo
Onde assim me permito
Algum silêncio, algum descanso
Em mim
E penso um refúgio
Da loucura que me rodeia
Onde me banho
E não reparo nas frechas
Que se iluminam ao raiar
O dia,
Os primeiros braços do sol
E me lembro, sentado
No meu canto sobre o rio
O nosso rio
As intermináveis marés
As enchentes
Logo seguidas pelas
Vazantes
E penso
Não sou mais que o Rio
Não sou menos que o Rio
Sou o Rio
Como ele
Estou
Como ele
Sou
O Rio
Nas suas intermináveis viagens
Onde nos é permitido
Algum silêncio, algum descanso
Naquela hora que medeia
O fluxo das marés

Jose Apolonia 05/08/11

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

PEDAÇOS DO EU

PEDAÇOS DO EU

Cada lágrima minha
É um pedaço de mim
Que se desprende
Que transporta em si
A tristeza a dor
A alegria o amor
Cada lágrima minha
Sulca-me as faces
A alma

Lágrima
Translúcida, cristalina
Salgada
Como o mais salgado
Dos mares
Doce
Como o mais doce
Mel

Cada lágrima minha
Tem vida é vida
Tem uma história
Uma semente
Um futuro
Cada lágrima minha
É indelével, sentida
Pura, transparente
É vida
Que não se quer contida
Sou EU

Jose Apolonia    01/08/11

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

PORQUÊ

PORQUÊ

Quem és tu
Que fazes por aqui
Há muito que por aqui
Não devias andar
Mas andas
Por aqui habitas
Em casa alheia
Mas porque me visitas
Porque me assaltas
Na oferta de noites claras
Em claro
Porque me tocas
Os sonhos
Que não me lembro
Porque acordo alagado
Inquieto…

Jose Apolonia  17/05/11

É FOGO O QUE EM MIM ARDE

Tenho fogo nas mãos
E penso-te
E tenho fogo nas mãos
E tremo
Só de te pensar
Ardo
 Em chama viva

Tremo só de te pensar
Tremula
Eu sei, sentes
Quando te penso
Tremes na fogueira
Que em mim floresce
Queimas-te
Num delírio que gostas
Que procuras
Que não dominas
E tremes
E gostas
E lutas até à exaustão
Na procura de mais
Eu sei
Conheço-te há demasiado
Recusas ou não
Mas a verdade é que te queimas
E gostas
Na fogueira que em mim floresce

E gosto do meu sentir
Gosto de arder no fogo
E tremo quando tremes
Quando gritas
Quando inflamas
O meu nome

José Apolónia  02 /08/11