segunda-feira, 30 de maio de 2011

Hoje

Hoje

Tenho uma borboleta
Colorida, florida
Que quero ver, voar!
Quero ver a cor das suas asas,
Comigo…A voar.
Como te compreendo
Hoje
Envio-te um beijo, um abraço sentido
Não arrependido
Mas
Como te compreendo …
Hoje
Um beijo grande na vida
Vivida,
Na asa da borboleta
Que quero que voe,
Num voo colorido de vida…Colorida
Amo-te pelo gesto, não pela atitude
Mas compreendo, entendo
Ou não…
E apenas, porque não?
Agradeço
A borboleta, a asa, a vida colorida
Tudo, mesmo tudo, que…
Sendo grande é demasiado pequeno
Ou demasiado…só demasiado
Apenas e apenas falando, sentindo
O vento talvez ou a brisa
Que suave me toca
E és tu
És tu
Tu
Voa no meu beijo, no meu sentir
Navega uma borboleta.

José Apolónia  29/05/2011

sexta-feira, 27 de maio de 2011

De permeio

De permeio

Lendo, lendo, lendo…
E pensando? Pensando?
Não!
Sendo assaltado por ti.
Sim, por ti, que me assaltas constantemente
o pensamento…Os pensamentos.
Se pensasse, pensava -
não estava sempre em ti.
Sim, em ti,
Que dizes não ter sorriso.
Como não tens sorriso?
Se eu o vejo
em ti deleitado, derramado.
Toda tu és um sorriso em mim.
Por ti,
talvez agora possamos inverter as marés,
o sentido das águas do rio, o seu curso.
Ou talvez  até já o tenhamos feito.
E por isso tu sorris.
Talvez agora possamos navegar ao invés
de não navegarmos.
Não me parece que alguma vez
tenhas tido medo.
Mesmo que o tenhas sentido
Efémero, efémero… EFÉMERO
tão efémero
que agora o amas.
Sorris…sorris até sozinha,
até na solidão ondes vives
Comigo
Amando
Até… e todos os carneirinhos
que habitam o nosso rio
sorrindo… sim, tu!
Sorrindo.

José Apolónia  27/05/11

terça-feira, 24 de maio de 2011

Os irmãos da especiaria

    Já depois da Índia ser descoberta, Vicente, um comerciante lisboeta bastante atarefado, decidiu entrar nesse negócio da Índia.
    - Pobre rapaz! - diziam as senhoras já com alguma idade - Tão novo e quer ir à Índia pelo oceano todos os anos para fazer negócio.
    Vicente ignorava essas bocas que as senhoras diziam, ele era um rapaz destemido e certo de que chegaria à Índia para fazer negócio.
    Começou, desde logo, a juntar dinheiro pedindo a toda a gente um tostão quando lhe compravam algo na sua tenda. Havia quem não desse nada e outros que davam muitos tostões. Ele já estava habituado a lidar com esses extremos e sempre que alguém lhe comprava alguma coisa a frase saía:
    - Quer doar um tostão para me ajudar a fazer negócio na Índia?
    Passados uns largos meses, Vicente conseguiu juntar dinheiro suficiente para ir ao negócio indiano. Convidou alguns amigos para ir com ele à Índia e todos aceitaram.
    No dia da partida, as famílias juntaram-se todas numa praia em Lisboa e despediram-se dos marinheiros. Confiante na vitória, Vicente e os seus amigos lá partiram para a terra das especiarias à procura de negócio.
    Já em alto mar, fizeram a rota parecida à que Vasco da Gama utilizou para chegar ao Oriente.
    Quando lá chegaram, Vicente ficou impressionado com tanta riqueza que havia na Índia. Procurou logo alguém que vendesse especiarias a um bom preço, não demorou muito até conseguir.
    Comprou três caixas de especiarias para vender em Portugal e "gabar-se" às senhoras de Lisboa o seu feito.
    Uns meses depois, ao chegar a Lisboa, muito cansado, foi logo para casa contar o que viu lá e o que comprou.
    No dia seguinte quando abriu a loja, mudou o nome da mesma para "Os irmãos da especiaria" e as senhoras nunca mais gozaram com ele.

Frederico Apolónia - data desconhecida

O compromisso em nós

O compromisso em nós

A dor que navega
Pelas mentes oxidadas
Por corações mutilados
Que na sua ânsia gotejam palavras
Cada palavra ensanguentada
Num arrancar constante de farpas
Algures alojadas … Sem se aperceberem
Na sua dor
Da vida que rejubila à sua volta
Esquecendo a verdadeira essência
O AMOR
É do amor que provém a dor
Que apenas existe para o purificar
Eternizar…
Não nos esqueçamos que o amor
O nosso AMOR… É NOSSO
Não o deixemos maltratar
Mas se acontecer e a dor vier
Não devemos as farpas arrancar -
Mergulhemos em nós, atravessando a dor
Permanecendo na mais profunda quietude
Do nosso ser … e assim nos (re) estruturarmos
Mas atentos e sem a porta fechar
Para que quando a praia surgir
Possamos espraiar, pelas longas línguas de areia
O amor, o NOSSO AMOR
Num acordar suave e na sua delicadeza
Saborear, apreciar, degustar… Cada momento
Do tempo, da vida, de nós.
Do outro.

José Apolónia 24/05/11

sábado, 21 de maio de 2011

A critica...

A critica…

Criticam-me,
Por frases soltas escrever
Ainda que por emoções tomadas
Mas que mais posso fazer
Do que em prosa tintar
E todo o meu sentir jorrar
Num acto que mais não é
Que o meu calar…
E assim sossegar.

JoseApolonia  21/05/2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Paixões Eternas

       Há muito tempo, na adolescência de António, ele gostava de uma rapariga linda, com olhos castanhos, cabelo loiro e um corpo bastante jeitoso. António sempre que podia aproximava-se dela e segredava-lhe os seus poemas românticos que compora especialmente para ela. Até que... houve um dia, António descobrira que Soraia (essa rapariga de olhos castanhos, cabelo loiro e um corpo jeitoso), gostava também de António.

       Houve um dia António encheu-se de coragem e, pediu-a em namoro. Soraia aceitou, obviamente. Num dia iam ao cinema, no outro estavam na piscina. António e Soraia faziam o par perfeito.

       Casaram com 25 anos, infelizmente Soraia morrera com 40 anos, com cancro da pele, diagnosticado mais recentemente. Mas mesmo assim, António nunca deixara de gostar Dela.

Frederico Apolónia   04/11/10

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A vida

A vida

Desço os degraus que em mim existem
Quero o silêncio, aquele silêncio
Que se instala e adivinha a alvorada
Aquele momento efémero
Em que parece, nada existe
E assim permanecer, à espera
Num silêncio que precede
Os primeiros raios de sol
Que na sua doçura me tocam e despertam
Os primeiros sons, do dia que nasce
Escuto…
A semente que rasga a terra, que grita
Um grito mudo que adivinha vida
A primeira brisa no acordar das árvores
Num murmurar suave, das folhas que se agitam
O bater das asas da borboleta que pousa
Na flor que acorda e suas pétalas espreguiça
Os primeiros cantos das aves que passam
A lágrima que cai por orvalho formada
Neste cálice de vida que por estar cheio
Transborda… Vida
Que quero beber
Desta vida por mim antes não entendida
Agora, neste cálice, quero viver

Jose Apolonia   19/05/11

domingo, 15 de maio de 2011

Sentado

Sentado

Sentado nas profundezas de mim próprio
Sozinho, na solidão do meu ser
Está escuro, muito escuro
Procuro uma luz que tarda
Uma estrela que trago em mim
Um pirilampo, que só vejo no crepúsculo
Na noite…
Tardas, minha luz, meu coração
Chora a tua espera, na solidão
Que se instala, só quebrada pela
Luz dos teus olhos, o sorriso límpido
No teu olhar, pela voz doce
Que me embala, só no pensar
Dos teus lábios suaves, os teus beijos
Aveludados
Que me arrepiam no tocar
Como é boa a solidão no esperar
A solidão de contigo estar
Saio de mim agora mesmo
Só porque chegaste…

JoseApolonia   12/05/11

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Não pares...

Não pares…

Meus sonhos deixo fluir
Pelo meio as memórias
Tudo embrulhado…
Cuidado, não te deixes machucar
O sentir não deixes pesar
Navega os sonhos em ti
E por ti
As memórias são passado
Aguas passadas, a gravitar
A atrapalhar…
Se necessário bebe, devagar
Com cuidado…
Teus sonhos não deixes fugir
Se algo tiver de morrer
Logo algo há-de nascer
Não tenhas pressa,
Corre devagar, o mais devagar que conseguires
Assim chegarás rápido, onde os sonhos te levam
Não pares, seja pelo que for, não pares
Tudo mais tarde vais perceber
As flores no caminho, aves que encantam
O vento que chora, num sussurro
Os encontros nos desencontros
As perguntas…
Se tens perguntas, procura em ti
Bem lá dentro… em ti
Tem a paciência de te escutares
As respostas estão todas aí
Vai devagar, deixa-te iluminar, preenche-te
Transborda…
Quando assim for, esta chegado o momento
Não pares…

JoseApolonia  20/04/2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Agora que cheguei…

Agora que cheguei…

Por fim cheguei
O caminho longo, por vezes penoso
No andar, no sentir do pensar
Doem-me as pernas,
De tanto navegar o pensar
Os braços
De tanto os esticar, na esperança
De uma estrela tocar
Mas agora cheguei
Vou-me sentar um pouco
A descansar
O horizonte no mar
Perco-me no olhar, transportado
Pela crista das ondas
No seu caminhar ondulado
Perpetuado
Sentado junto ao penhasco
O penhasco…
Terei a coragem, de cansado que estou?
Aproximo-me, devagar
Olhando, sentindo
A natureza em mim…
Clama, chora, reclama meu ser
Fumo um último cigarro
As pernas desdobram -se
Os braços elevados
Como que bramindo aos céus
E, sem pensar…
Começo a escalar.
Quem sabe, o que irei encontrar
Quem sabe?
 Serás tu meu amor?
Agora que cheguei
Eu sei
Tu sabes

José Apolónia  05/05/2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

Amanhece...

Amanhece…


Falei contigo, na solidão
No meio da multidão
Onde sempre me encontro
Sozinho…a pensar

Sobrou um suco, agri-doce
Que bebi…
Num momento de secura
Na travessia do deserto salgado

Pelas longas horas
No caminhar descalço
Nas bolhas que fiz, no pensar
Das memórias…

Um ponto na memória
Que silencio…
Não escutaste?
Não te escutaste?

Agora que cheguei, vejo
Uma sombra, que se esbate
Pela escuridão…a alvorada
Amanhece…

Jose Apolonia   02/05/2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

“NUS” silêncios

“NUS” silêncios

Uma pagina que se vira
Uma historia que começa
“NUS” silêncios de cada um
Das mentes vazias …de tudo
Dos karmas das gentes
Os corpos…despidos
”NUS” silêncios da respiração
No borbulhar do sangue que ferve
“NUS” silêncios de quem sente
O sentimento presente
“NUS” silêncios dos olhares
Que se permitem ser espelho
Da gente
Na recusa de serem cadáver vivo
Na deambulação da vida
Pela vida…
“NUS” silêncios do estar…na solidão
Da companhia de quem gosta
De quem se gosta.

Jose Apolonia  02/05/2011