quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

SERMOS APENAS NÓS...

SERMOS APENAS NÓS...

Os sentimentos pairam
como folhas libertas
teimam, subsistem
lembram borboletas
a esvoaçar coloridas,
pintam as vielas escuras
as tormentas da vida
escorrem pelas encostas
de uma Cidade sofrida,
trazem numa nova Alma
a descoberta a alegria
cantam-nos a energia
que corpo algum conhecia,
pintam a vida da cor do Rio
da cor da maré cheia ou vazia
do pôr-do-sol que adivinha
um outro nascer um outro dia,
os sentimentos pairam
sobre nós como dádivas
não adianta chorar ou fingir
mas adianta sermos apenas nós...


José Apolónia    4/12/13

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

MAS PORQUÊ...

As horas correm tanto
os dias então que dizer,
parece que voam
aparecem e desaparecem
sempre passa tudo mas tudo
tão rápido mas tão rápido
e não percebo sim não percebo
passa tudo e tudo passa
e esta ansiedade que me assola
porquê, porque me devasta

O relógio colado à parede
os olhos colados à parede
eu colado ao relógio
relógio quebrado no chão
as horas que não param
tu que não chegas
o beijo sozinho comigo
o tic tac quebrado que não pára
o livro ali mesmo à mão
mas a vontade o querer estar
apenas contigo que não passa
mas porquê se tudo mas tudo
passa ...


José Apolónia 28/11/13

terça-feira, 19 de novembro de 2013

MEU MAR ...

MEU MAR...


De cada vez que abro o livro
aquele livro castanho escuro
com as folhas amarelecidas
por camadas de pó, do tempo
e procuro por entre as folhas
sinónimos da luz, que irradias
da força, que em ti transportas
da raiva, com que te despenhas
da delicadeza, com que te elevas
do doce perfume a sal, que exalas...
E nada, nada encontro igual
nada encontro que te retrate
que te descreva na essência.
Fecho o livro e caminho, caminho
por areias douradas que te bordejam
os olhos sempre fixos em ti, fixos
as pernas tendem a quebrar, o horizonte
ali mesmo, ao alcance do olhar
sento todo o corpo, cansado de esperar
e uma vontade enorme de ti, te comer
saborear, te degustar, saber a mar...


José Apolónia   19/11/13

terça-feira, 12 de novembro de 2013

ESCURECEU...

ESCURECEU...

Escureceu e veio a noite
e as palavras que escrevo
pintam de branco uma lua
que se estende pelo rio
em meus braços o teu peito
tão ofegante, mas tão ofegante
que pela tela escorre a tinta
com que nasce cada dia
e é noite, sim é noite de lua
e em nossos corpos florescem
todos os dias a todas as noites
rasgadas por gritos de prazer
como as marés, na foz do Rio
que vão e vêm, que vão e vêm
e escureceu e veio a noite
e as palavras com que te pinto
apenas revelam as estrelas
que cintilam em teus olhos
as lágrimas, guardo-as no coração
longe dos olhares do céu
e é noite e tenho-te comigo...

José Apolónia  12/11/2013



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

NUM SIMPLES OLHAR ...

Não sei se sabes
ou se não sabes
mas como estou convencido
de ambas as coisas
vou-te contar
todos, mas mesmo todos
os minutos que faltam
para te suster em meus braços
para te arrebatar todas as peças
até à mais ínfima parte
marcada pela cor púrpera
naquele relógio de parede
onde as horas apenas gritam
todos os momentos que não susténs
os pensamentos evaporam-se em ti
eclodem por teu corpo em lava
onde tudo se eterniza
num simples olhar ardemos ...

José Apolónia    20/09/13

terça-feira, 10 de setembro de 2013

VEM AI O OUTONO...

VEM AI O OUTONO...

As letras sopram os uivos
pelos  caminhos de pedras
vão as palavras da gente
folhas tocadas, esvaziadas
de sentido, amarelecem
as copas das arvores padecem
adivinha-se o Outono
as cores demasiado pálidas
anteveem na tua nudez
os meus braços, nus de ti
caem, algumas folhas
lágrimas que restolham
num beijo demasiado longo
sorriem em alegres correrias
pelo ainda branco da calçada
caminhas na tua graça,
ao longe, vou-me afastando
mas não o posso fazer de mim ...

José Apolónia  10/09/13



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

EM VIAGEM ...

A saudade por vezes bate,
por vezes mais estridente
se estamos demasiado sós
acresce a vontade de navegar
por um vento que sopra forte
pássaros navegam pela proa
de um barco há muito atracado
a ondas que descem pela cidade
memórias unem-se numa esteira
envoltas na saudade que nos tenta
carregam no barco o frio da nevoa
panos brancos gemem ao vento
como velas, desfraldam-se devagar
esticam-se os cabos da viagem
as águas correm à tona, o Rio
numa calma invulgar escorre
para o (a)MAR o Amor escapa-se
das redes para ti ...

José Apolónia 13/08/13







sexta-feira, 12 de julho de 2013

AMORES (IM)PERFEITOS...

Navegam pelas águas cálidas
de velas desfraldadas ao vento
peitos cheios de nada
sentimentos que se soltam
e sulcam por dentro a alma

Um calor insuportável
transpira de nossos corpos
uma ânsia que nos transcende
estrelas fundem-se no olhar
os barcos tendem a adornar

Amores perfeitos eclodem em raios
pintam de cores as velas enfunadas
neste rio desfraldado ao vento
o dia adormece em meus braços, os teus ...

José Apolónia  12/07/13



terça-feira, 9 de julho de 2013

Tudo na vida tem o seu tempo mas existe algo de intemporal que nos move...

                                                                                         J.A 2013

quarta-feira, 3 de julho de 2013

(a) MAR ...


O dia corre quente pelos corpos que transpiram de sal
sonhos esvoaçam alegres sobre correntes de ar quente
em beijos que te tocam quando em pontas te elevas
num bailado de teu corpo ondulado que insinua (a) Mar.

E quando em espuma te desfazes sob raios de Sol
brilham nos teus olhos as estrelas feiticeiras do amor
que perduram pelas noites inteiras sem pinga de luar
por onde se perdem marinheiros em buscas infinitas
de a um rumo aportar um porto onde se abrigar.

E quando acordo desabrigado em teu leito desalinhado
navego embriagado por teu corpo num beijo desajeitado
eclodem estrelas que me trazem sequestrado em ti (a) Mar ...

José Apolónia  03/07/13


quinta-feira, 27 de junho de 2013

HOJE ...


Sopra no vento Sul
um calor que nos abraça,
memórias que se libertam
assim, da nossa graça,
navegam sem destino
nem porto d"abrigo,
um rumo marcado
ao sabor de um sorriso,
vela enfunada com alma
pelas cabriolices de um vento,
o barco da vida veleja,
as águas passadas são a esteira
que se estende ao presente,
por onde navegas o futuro
que se faz presente e passado
continuamente navegas a vida ...


José Apolónia 27/06/13







quarta-feira, 26 de junho de 2013

AMANHECEU ...


O dia ainda muito pequeno
corre em tons vários de azul
espraiado sobre um céu de Mar.

No horizonte o desenho a nevoa
exala calor este dia que começa
na azafama das gentes, a cidade
a vida fervilha de tons, cores o azul
cresce a avidez de viver o pleno
de navegar esse corpo de Mar
o vento a brisa que sopras
ainda adormecem teus olhos
os raios dormentes do Sol
estendem-se sob teu leito de Rio
por onde dedos se perdem
em caricias pelo concavo das ondas
exalas entoada, pequenas sinfonias
tingidas na tela ávida do azul
caminham pequenos, os passos ...

José Apolónia  26/06/13




quarta-feira, 19 de junho de 2013

BRECHAS DE LUZ ...

O silêncio permanece imóvel
disposto a um canto, esquecido
como uma cómoda
ou outro qualquer móvel
num quarto escurecido, por entre a poeira
que se acumula nas memórias,
imóveis os sentimentos gritam
algo se quebra, estridente som
ecoa pela crista de uma onda
que se propaga, num vale perdido
o silêncio permanece imóvel
numa hora incerta do dia,
o Sol penetra por brechas de luz
esculpidas pelo tempo que levamos a perceber
a poeira que se forma nas memórias
esquecidas em uma qualquer gaveta
onde o silêncio permanece imóvel...


José Apolónia  19/06/13


terça-feira, 18 de junho de 2013

LÁGRIMAS DE (a)MAR...

Meu coração bate forte
a tua ausência (a)MAR
que sinto na fria maresia
como espuma que esfuma

Enquanto por ti caminho
a cabeça esquenta, ao Sol
e os pés frescos de ti
alados por um desalinho

Transportam na fria brisa
um AMOR que de tão fino
se perpetua em meu peito
que desfeito chora, alegria.

Lágrimas de (a)MAR, salgadas
soltam-se quando te despenhas
por todo o meu corpo, sequioso
apenas de ti...


José Apolónia  18/06/13

sexta-feira, 14 de junho de 2013

MURMÚRIOS DO (A)MAR...

MURMÚRIOS DO (A)MAR...

Acabou a Primavera
as folhas tingem-se
com as tuas cores
quando por elas caminho
ainda bebo a água fresca
nas mesmas fontes
e o Mar murmura de cor
palavras tuas, minhas
na rebentação, as cores o cheiro
das flores que despontaram
e ainda que assim te sinta nua
despida de pétala alguma
sinto que o que por ti nutri
não foi pecado foi Amor
abençoado por um Mar
que o levou, na tormenta
naufraguei e sobrevivi ...

José Apolónia  14/06/2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

EM SILÊNCIO...

EM SILÊNCIO...

O silêncio que urge no seu todo
é quebrado sistematicamente

Um pássaro a esvoaçar
a penumbra da noite
quebra-se no seu peito
coberto de apenas branco
dos meus olhos, urge o silêncio

São palavras que me falam
escapam de ruídos mudos
que navegam pela noite
um cabo que se agita no mastro
a água que chapinha pelo casco

É um silêncio quebrado
em silêncio, percebo
todo o silêncio
que se cala em mim.

José Apolónia 12/06/13

terça-feira, 28 de maio de 2013

A MAGIA DO MAR ...

Sempre me perco
com o Pôr do Sol
com a sua nascente
a Lua o Luar
o vento a uivar
por entre giestas
por caminhos talvez
até com flores vadias
mas nada mesmo nada
me tira as palavras
como tu meu Mar
quando por ti navego
e mais não vislumbro
que a imensidão do teu corpo
e ainda assim me presenteias
com tudo isto e muito mais...

Soçobro em teu abraço
sob cânticos de sereias
visões de tartarugas ancestrais
e assim adormeço e acordo
ao leme da embarcação
na magia que me é dada a viver .

José Apolónia   28/05/13

sábado, 25 de maio de 2013

AMANHECE...

AMANHECE...

O dia desperta e lentamente
a claridade, o odor a maresia
o folclore das gentes
o (en) canto das aves
inundam todos os sentidos

Eu náufrago debato-me
entre o dormir e o acordar
neste embalo que me cativa
o coração arde de desejo
que apenas a ti posso revelar ...

José Apolónia  25/05/13

quarta-feira, 22 de maio de 2013

COISAS SIMPLES ...

COISAS SIMPLES ...

Os dias de hoje nascem
todos os dias cinzentos
e o privilégio das cores
estão  " bem " guardados
no canto das aves
no encanto das flores
nas coisas mais simples ...

E enquanto observo os regatos
por onde se saciam em vida
entendo a tua sabedoria
entendo o teu entendimento
que o que não vemos na alma
se encontra nas profundezas
do nosso conhecimento ...

Mas se em algum minuto
o quisermos ter
teremos que rasgar essas águas
como a quilha de um barco
e sem medo, navegarmos em nós
permitindo-nos, que todos os dias
tenham as cores mais simples ...

José Apolónia  22/05/13





PÉTALAS SÃO ROSAS ...

PÉTALAS SÃO ROSAS ...

Rosas de cor branca
colhidas por mãos nuas
são desfolhadas uma a uma
em caminhos de descaminho
por onde teus pés de seda
odoram perfumes do amanhecer
que sequestram as noites
de camas desfeitas em pétalas
de cor vermelha, colhidas
por mãos, enquanto desnudas
ávidas de teu corpo
sequioso por cada momento
de Luar...

José Apolónia  22/05/13




terça-feira, 21 de maio de 2013

O VAI E VEM ,...

O VAI E VEM ,...

o vai e vem do Sol
o vai e vem da lua
o vai e vem das marés
de todas as marés
de todos os marinheiros
de todos os barcos com alma

O vai e vem dos sentimentos
o vai e vem das mãos
pelos corpos arrepiados
pelo teu dorso eriçado
o vai e vem dos corpos
o meu o teu, entoados
num vai e vem enrolados

Gemidos que vão e vêm
de movimentos ondulados
que tardam e se retardam
em puras rebentações
pelas areias desertas
de nós,...

José Apolónia 21/05/13




quarta-feira, 8 de maio de 2013

O TEMPO VOA ,...

O TEMPO VOA ,...

O tempo voa como um pássaro
corre como as águas do Rio
parece que não passa mas passa
e pelas margens da vida
florescem estrelas cadentes
que mãos sequiosas não bebem
mais que os olhos sorvem
mas o tempo voa nas asas do vento
e nem as velas, sustem as rugas
que se formam no fim das marés
e as conchas que por aí perduram
apenas contam histórias
que no ouvido adivinhamos,
são apenas suas,...

Do tempo, esse que dizem tudo cura
mezinha que pelo tempo perdura .


José Apolónia  08/05/13


terça-feira, 16 de abril de 2013

O ACORDAR, ...

O acordar não chegava
embrenhado num sonho
onde flores teimavam em voar
rodopios em rodopios de pétalas
muitas pétalas
coloriam todo o espaço
os olhos, esses teimavam
permaneciam cerrados
como um sonho num sonho
o querer e o não querer
acordar
e ....
num repente os pés no chão
a mão direita cerrada
demasiado cerrada
o abdicar do sonho
a mão que se abre
as borboletas que se soltam
a dúvida que te assalta
estampada no sorriso, largo
que te assola

Cantarolando caminho no descaminho
que por acinzentado o vou colorindo
de borboletas ,... como um sonho.

José Apolónia - 16-4-2013

sexta-feira, 22 de março de 2013

As palavras que sossobram das falas são como os pássaros ou as marés, que vão e vem e por vezes até parece que fazem sentido, mas o único sentido que persiste apenas existe em nós ... 

José Apolónia 2013

quarta-feira, 20 de março de 2013



Quando não existirem caminhos, nos caminhos que calcamos 
por muito que brilhem as estrelas, aos olhos que elevamos
seremos sempre a alma do barco atracado, não navegamos...

José Apolónia 2013


As palavras escorrem fluentes
pela folha ainda pintada de branco
ouve-se o barulho ensurdecedor
das que querem ficar e partir
à estação chega o comboio
onde cantam alegres andorinhas
e já predomina o cheiro da Primavera
pelas manhãs que ainda acordam cinzentas
como cinzentos o não são meus olhos
mesmo ...
quando observo o teu vai e vem
quando te esvais em espuma
ainda antes de te recolheres em ti
e te esfumas pelas areias da praia
no barulho ensurdecedor da rebentação
onde apenas existo ...

José Apolónia  20/03/13


domingo, 6 de janeiro de 2013

BARCELONETA ...


BARCELONETA ...

Os barcos sempre navegam
por águas sempre desiguais
e todos os dias nasce um sol
em qualquer canto do mundo
existe sempre um sorriso
tocado por um raio de sol

J.A.  2013