DE TI ....

As saudades que tenho
de te pintar com tintas
de te sulcar ou navegar
olhar e ver o lastro
marcado pela areia

Os meus passos
nos teus, entrelaçados
bem demarcados
nas palavras soltas
por dedilhar

A espuma
sobre a areia
segredos por rendilhar
que conchas um dia
no ouvido vão desvendar

As saudades que tenho
de caminhar ao teu lado
e sentir os pés gelados
sentir esse gosto de mar
sobre as conchas que piso

A areia molhada
o vento nu.
Tu na rebentação
espuma branca que cobre
nossos corpos desfeitos
de ti, o sabor (a) Mar ...


Jose Apolonia 2015

Pelo nosso Rio se escoam os sentimentos, os nossos olhos apenas sentem as lágrimas ...

José Apolónia

SEMPRE ANOITECE DEVAGAR...

Anoitece , devagar
caminhamos
por caminhos, ruelas
cantamos o fado
cantigas da vida,
calcamos as pedras
vertemos as lágrimas
pelo cálice, em que
bebemos o vinho.
Inebriados
caímos e
levantamos todos
os muros de nada
à volta daquela estrela
anoitece devagar
pelos caminhos
que percorremos
sempre existem rios
e pontes que unem
as margens
de um fado que teima
em se fazer ouvir
mesmo que amanheça
sempre, anoitece devagar
na janela do dia
por onde me perco
e encontro, esse brilho
que teimas em trazer
no olhar...

José Apolónia  2015

TEÇO ...

Teço com ramos
na sombra da árvore
cada dia sombrio
em folhas coloridas
de Inverno
por onde teu corpo
navega as águas
incessantes do Rio.

...Teço com ramos
   a sombra dos bichos
   na árvore
   e as cores do Sol
   desmaiadas de gente
   na cidade que dorme
   sobre o Rio

...Teço com ramos
   um Rio que ri
   em cada folha
   que navega seu leito
   um Sol que pinta
   todos os dias
   o seu manto

...Teço com ramos
   todos os dias
   que vêm
   à sombra da árvore
   as cores do Por do Sol
   que corre pelo Rio
   da nossa vida ...

   José Apolónia 2015