Pássaros de Outono
As pontas dos cabos sem nó
Agitam-se ao sabor da leve brisa
A agitação ainda contida, observo
O nascer deste dia de Outono
As folhas, essas teimam, permanecem
Em suas casas dançam como
vagas, suaves
As emoções fluem, como
se de nascente
O brilho de todas as estrelas em ti, florisse
Como se flor fosses, embrutecida de desejo
Tocas a mais bela melodia ao nascer, o azul
Em ambas as margens deste Rio, emudeces
As palavras dançam, escorrem sob dedos
Os cabos agora caçados vivem sob tenção
As velas cheias, enfunadas. O barco navega
O rumo?
Tua melodia que escuto nas águas trémulas
Que se afastam, rasgadas pela quilha incisiva
Ao leme, beija-me o vento a brisa que me leva
Devagar, pela vida como uma carícia no caminho
Tuas palavras vão e vêm como marés vivas
Em mim, o leme da vida, o leme do barco o rumo
Será sempre o dos pássaros que voam e navegam…
Jose Apolonia 31/10/11
Nas Asas do Sonho
ResponderEliminareu e tu na orla azul do sonho
corpo cinzelado em jade verdadeiro
e o verniz da madrugada sério
abriu-se na corola do teu beijo
e solto um cavalo preto veio
clarão de poesia na colcha alva
sedução e clamorosas gargalhadas
uma esmeralda ardendo no deserto
a noite embriagada de palavras
o teu olhar cativo no meu peito
seios sedutores como sementes
nas ancas aladas do meu corpo
teus dedos pássaros loucos
tuas mãos adamastores do medo,
eu a enseda, tu o azul desfeito
teus lábios em lua no meu ventre
quando a noite se vestiu de negro
e intensa se abriu ao teu desejo
e no momento azul do beijo
um pássaro voou das tuas mãos
e pousou cego em minhas mágoas
espalhando as flores, as tranças,
as rebeldes madrugadas
estas horas sublimes de palavras
a pétala da saudade assim esmagada
em nosso leito de azul e nada
cálices breves estes do sonho
poções de ti na noite amordaçada
quando a alma ainda plana entre
a sonolência e a doce luz da alvorada
enquanto de sonho se embriaga
e da rota da dor perdeu a estrada
sentada no poente ainda te espero
pinto a azul o sonho e azul o quero e,
para florir teu rosto e celebrar teu cheiro,
nas asas do sonho busco o teu veleiro