Já depois da Índia ser descoberta, Vicente, um comerciante lisboeta bastante atarefado, decidiu entrar nesse negócio da Índia.
- Pobre rapaz! - diziam as senhoras já com alguma idade - Tão novo e quer ir à Índia pelo oceano todos os anos para fazer negócio.
Vicente ignorava essas bocas que as senhoras diziam, ele era um rapaz destemido e certo de que chegaria à Índia para fazer negócio.
Começou, desde logo, a juntar dinheiro pedindo a toda a gente um tostão quando lhe compravam algo na sua tenda. Havia quem não desse nada e outros que davam muitos tostões. Ele já estava habituado a lidar com esses extremos e sempre que alguém lhe comprava alguma coisa a frase saía:
- Quer doar um tostão para me ajudar a fazer negócio na Índia?
Passados uns largos meses, Vicente conseguiu juntar dinheiro suficiente para ir ao negócio indiano. Convidou alguns amigos para ir com ele à Índia e todos aceitaram.
No dia da partida, as famílias juntaram-se todas numa praia em Lisboa e despediram-se dos marinheiros. Confiante na vitória, Vicente e os seus amigos lá partiram para a terra das especiarias à procura de negócio.
Já em alto mar, fizeram a rota parecida à que Vasco da Gama utilizou para chegar ao Oriente.
Quando lá chegaram, Vicente ficou impressionado com tanta riqueza que havia na Índia. Procurou logo alguém que vendesse especiarias a um bom preço, não demorou muito até conseguir.
Comprou três caixas de especiarias para vender em Portugal e "gabar-se" às senhoras de Lisboa o seu feito.
Uns meses depois, ao chegar a Lisboa, muito cansado, foi logo para casa contar o que viu lá e o que comprou.
No dia seguinte quando abriu a loja, mudou o nome da mesma para "Os irmãos da especiaria" e as senhoras nunca mais gozaram com ele.
Frederico Apolónia -
data desconhecida